A pequena e frágil Irmã Dulce foi um raro exemplo de bondade e amor, fundadora de uma das mais notáveis obras sociais do Brasil. A cerimônia de sua beatificação está marcada para o dia 22 de maio, em Salvador (BA). Hoje, 19 anos depois de sua morte, quem toca o projeto e não deixa morrer o trabalho é a sobrinha Maria Rita Pontes.
Apesar da forte ligação com a tia, a atual superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) não planejava administrar a iniciativa da futura beata. Formada em Jornalismo, ela trabalhava no Rio de Janeiro quando o problema respiratório crônico de Irmã Dulce se agravou, em 1991. “Desde pequena eu tinha um contato forte com a Irmã Dulce, minha mãe até tinha ciúmes. Quando me formei em Jornalismo disse a ela que iria ajudar a divulgar as obras sociais, mas nunca imaginei que poderia estar à frente disso tudo”, revelou.
Antes de morrer, a religiosa escreveu uma carta-testamento com três nomes, na qual Maria Rita encabeçava a lista. O pedido era que o trio continuasse o trabalho evangelizador que ela havia começado na adolescência. “Já estava muita envolvida com a obra e não podia deixar Irmã Dulce. Ela costumava dizer que a obra não era dela, mas sim de Deus, que a usava como instrumento. Apeguei-me a essa verdade e fui. A obra é de Deus e ela continua”.
Tanto é de Deus que Irmã Dulce chegou até a concorrer ao Prêmio Nobel da Paz, pelos trabalhos prestados à população carente da Bahia. A religiosa começou a praticar caridade aos 13 anos, ajudando mendigos que moravam nas ruas da capital baiana. Aos 18, entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição. Após a beatificação, será chamada de 'Bem-aventurada Dulce dos pobres'.
“Ela tinha uma força sobre-humana, tinha muita convicção no que fazia. Seu trabalho serve como reflexão para a nossa vida, é um grande exemplo. Irmã Dulce viveu para amar e servir, por isso as suas obras sociais não param de crescer!”, explicou Maria Rita.
Obras Sociais Irmã Dulce
As Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), fundadas em 1959, prestam assistência médica, social e educacional gratuitamente. A iniciativa também promove pesquisas e oferece ensino médico em 13 especialidades. Ao todo, são 17 unidades administradas pela instituição. De 180 mil atendimentos em 1992, ano em que Irmã Dulce morreu, a Osid passou para mais de 5 milhões em 2009.
O carro-chefe das obras é a saúde. O perfil predominante dos beneficiários se concentra nas classes C, D e E, que não têm acesso aos planos de saúde e a consultas médicas particulares. Dados levantados pelo Serviço Social do Hospital Santo Antônio apontam que 60% dos pacientes são analfabetos ou têm apenas o 1º grau incompleto. Cerca de 70% dos pacientes têm renda familiar mensal de, no máximo, dois salários mínimos, sendo que 15% têm renda menor que um salário.
São aproximadamente 1.000 leitos cadastrados para atender a população carente, cobrindo um amplo espectro de patologias clínicas e cirúrgicas e 33 especialidades ambulatoriais. O trabalho em saúde inclui atendimento a idosos, crianças, pacientes cirúrgicos, clínicos, alcoolistas, portadores de necessidades especiais e portadores de anomalias craniofaciais. Desde 2005, a instituição passou a atuar também na gestão de centros de saúde do município de Salvador e hospitais construídos pelo governo do estado.
Na área de educação, o destaque é o Centro Educacional Santo Antônio (CESA), que oferece formação da 1ª à 8ª série do ensino fundamental em regime integral. O projeto também abrange educação tecnológica, arte-educação, iniciação e formação profissional.
Por: Adriane Fonseca (http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=281599)
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